Atendimentos Especializados

Psicologia e Religião (Breves Reflexões)

01/10/2015 08:09

PSICOLOGIA E RELIGIÃO (Breves Reflexões)

O objetivo deste texto não é trazer uma discussão sobre a verdade existencial ou ontológica do Divino, do Sagrado mas demonstrar que a psicologia trabalha e entende o tema, uma vez que é ela a ciência que estuda o comportamento humano. Como comportamento humano, identificamos as práticas religiosas como tais e, portanto, cabível para discutirmos, um pouco, sobre este tema complexo.

Uma das perguntas  mais inquietantes quando se pensa na religião e psicologia é: “O ser humano tem acesso direto a Deus, ao Sagrado? Ou, tudo isso são produtos/conteúdos da consciência humana?”.  Neste aspecto, estamos nos referindo ao que se chamam na religião de experiência religiosa. Esta experiência é uma resposta do indivíduo a qualquer coisa que ele considerar divino (por exemplo, um encontro, um momento com “Deus”). E essa experiência é a base das práticas religiosas, e que acaba sendo reforçada por diversos relatos bíblicos deste “encontro”.

Toda a experiência humana conhecida é mediada por uma linguagem, gestos e experiências que pertencem a uma cultura complexa. Diante disto, tudo o que conhecemos e experienciamos é permeado pela cultura, portanto, impuro de sua origem. Assim, nesta mesma linha de raciocínio, os seres humanos não tem acesso direto, ou puro, a Deus, pois o nosso conhecer Deus também é simbólico.

Neste momento, também, entra em questão a experiência mística, sendo o misticismo a consciência imediata da realidade transcendente, ou última de Deus, e uma crença na existência das realidades além do perceptivo, do intelectual e do objetivo – estando, portanto, na esfera subjetiva. O primeiro pressuposto traz a experiência mística como o contato direto de um Deus; já o segundo, revela a experiência mística no campo do perceptivo, do subjetivo, o que não seria a experiência direta.

A psicologia, enquanto ciência do comportamento, traz a experiência religiosa em seu segundo pressuposto, como uma forma de percepção e de um comportamento (pensamento) subjetivo. Nesta linha de pensamento, o acesso direto a Deus é impossível. À experiência pura, se existe, não temos acesso e o acesso a ela ocorre através de palavras ou da linguagem. Assim sendo, a nossa experiência, através da linguagem, sobre Deus é sempre simbólica.

Entender a experiência religiosa através de uma concepção psicológica, não é se anular perante a existência de um Deus, mas é compreender que as práticas religiosas são, sim, comportamentos humanos e, esses, podem ser estudados como qualquer outro fenômeno observável.

Reiteramos, novamente, que a “experiência religiosa pura de Deus” não é concebível na psicologia, pois todas as percepções e concepções de Deus são através de ideias, símbolos, construções e práticas; essas que foram construídas pela cultura.

Historicamente a religião se afirmou como uma das formas das pessoas resolverem problemas, traumas e crises, além de lidar com as questões existenciais. Neste momento surge a concepção de fé que, segundo teóricos, é a disposição total de uma pessoa a um referencial, ou centro de valor, que dá poder, apoio, orientação, coragem e esperança às nossas vidas.

É impossível pensar em algum ser humano que não tenha fé. Seria o mesmo que dizer que esta pessoa não tem um centro de valor, algo que o motiva a viver... Na religião a fé verte em um Deus transcedente.

Atualmente, a religião, a fé em um Deus, para àqueles que acreditam, tem uma função positiva na vida e na personalidade. É óbvio, que em outros casos, esta mesma religião torna-se patológica. É nesta dualidade que a psicologia se faz – entender a religião enquanto função reforçadora que gera, ao mesmo tempo, porém em pessoas diferentes, resultados saudáveis e patológicos.

Enfim, não é possível afirmar ou negar a existência de um Deus usando de um método científico, mas é possível analisar a função deste Deus na vida e no dia-a-dia das pessoas.

 

 

Referências:

FARRIS, J. R. . Psicologia e Religião. Caminhando (São Bernardo do Campo) , São Bernardo do Campo, v. VII, n.9, p. 23-37, 2002.

 

 

Pesquisar no site

Contato

CRP - Serviços de Psicologia Ltda EPP Rua Monsenhor Manoel Francisco Rosa, 601
Sala 05 - Centro
13400-270
Piracicaba/SP
19 3041-0545
19 99342-1312