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O Transtorno Obsessivo Compulsivo
Quem nunca, antes de sair de casa, voltou para verificar se tinha fechado as janelas do quarto, ou se tinha apagado a luz de algum cômodo, ou até mesmo, esquecido de abaixar a trava da torneirinha do gás antes de ir viajar? Todos nós já fizemos isso ao menos uma vez na vida. Acontece que esses comportamentos, para algumas pessoas, são tão frequentes, que acabam atrapalhando e interferindo em sua vida, ficando de forma incontrolável. Neste caso, estamos nos referindo a um transtorno conhecido como Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou o famoso, TOC.
O TOC é um transtorno psiquiátrico de ansiedade que apresenta comportamentos de obsessão seguidos de compulsão. A obsessão está na esfera do pensamento, das ideias que se apresentam de forma involuntária, repetitivas e persistentes e, de certa forma, absurda. Esses pensamentos, obsessões geram alto grau de ansiedade na pessoa, o que faz que ela tenha comportamentos repetitivos, como forma de reduzir e conter esses pensamentos e ideias. Um exemplo desse transtorno é quando alguém tem o pensamento de que necessita lavar as mãos toda a vez que tocar em maçanetas de sua casa, pois germes poderão infectá-las; assim, todas as vezes que toca em maçanetas, ela lava as mãos.
Uma pessoa com o Transtorno Obsessivo Compulsivo tem as populares “manias esquisitas”, ou também chamado de “tiques”. Em geral, esta pessoa tem consciência de que isto é um problema e que, na maioria das situações, é irracional, porém não consegue deixar de fazê-lo motivado pela questão da redução da ansiedade. Essas ideias obsessivas são normais em crianças, sendo apresentadas através do comportamento de contar as árvores ou os carros que passam, por exemplo. Pode parecer fácil e muitos diriam que, se estivessem na condição de tal pessoa, conseguiria parar rápido (é a mesma coisa com o dependente de cigarro, na prática o parar parece fácil, mas já tentou?), mas estas ideias estão tão fixas no cotidiano que a pessoa não consegue parar, gerando cada vez mais ansiedade, parando somente com a concretização do ato “sugerido” pela ideia obsessiva.
Outra característica presente no TOC é o constante sentimento de que algo está faltando, ou que não está correto. Este pensamento é que faz com que a pessoa volte a repetir o comportamento de lavar a mão, contar novamente, fechar a trava da porta, fechar a torneira do gás, entre outros comportamentos que irá repetir.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma doença crônica e não apresenta um bom prognóstico. Estudos indicaram que 20 a 40% das pessoas com este Transtorno não conseguem melhorar; 40 a 50% tem uma pequena melhora e apenas 20 a 30% é que conseguem uma melhora significativa. A incidência do TOC é igual entre homens e mulheres, sendo a frequência, um pouco maior, entre adolescentes masculinos (75%). Em geral, ela se inicia por volta dos 20 anos, mas pode acometer crianças e pessoas mais velhas. O diagnóstico ocorre quando os pensamentos obsessivos, assim como as compulsões, causam desconforto e sofrimento à pessoa, além de interferir de modo significativo na rotina diária, vida profissional e social.
Muitas vezes o diagnóstico é tardio, pois muitas pessoas não identificam os comportamentos como uma patologia, pois isto faz parte do dia-a-dia e, portanto, passam despercebidos de que é um Transtorno. A sua evolução está relacionada, diretamente, a adesão do paciente ao tratamento, considerando que a adesão é fundamental, mas não é determinante para um bom prognóstico, uma vez que as causas do TOC não estão esclarecidas - fatores biológicos, psicológicos e históricos familiares estão entre as causas desse distúrbio de ansiedade.
As principais obsessões e compulsões estão relacionadas aos seguintes temas:
- Preocupação Excessiva com sujeiras, germes e contaminações: vários banhos e lavagens das mãos; proteção exagerada com medo de se contaminar; limpeza de objetos com diversos produtos; evitação de objetos usados por outras pessoas.
- Preocupação com Simetria, Exatidão, Sequência e Ordem: arrumação exagerada das coisas, sempre na mesma ordem e no mesmo local; arrumação conforme tonalidades das roupas e na mesma ordem.
- Questionamento de perfeição/dúvidas: verificar, inúmeras vezes, se trancou a casa, se desligou o gás, se apagou todas as luzes.
- Preocupação com doenças ou com o corpo: fácil adesão patológica a dietas, além de seguir “à risca” os horários e recomendações (adesão patológica); alta frequência de exercícios (VER TEXTO SOBRE A VIGOREXIA) nas academias e idas frequentes aos médicos, mesmo sem ter motivos reais.
- Preocupação sobre números especiais, datas, horários (sempre relacionado a desgraças caso não os faça): não pode fazer determinada coisa no dia 13; às segundas-feiras não pode usar roupas de cor azul; nunca marcar encontro as 13h... são preocupações de caráter evitativo de que algo aconteça.
Ressalta-se, ainda, que é comum a associação do TOC com outros transtornos, ou seja, o Transtorno Obsessivo Compulsivo poderá estar presente eu outras doenças, principalmente na depressão e de outros transtornos ansiosos.
Para o tratamento de Transtorno Obsessivo Compulsivo recomenda-se o uso de medicamentos concomitante à psicoterapia. Não adianta fazer o uso apenas do fármaco, pois é a terapia que trabalhará na mudança das ideias distorcidas em relação à vida do paciente, assim como com os comportamentos repetitivos. É importante, também, que haja o envolvimento dos familiares, pois muitas vezes, a família não considera o paciente com problema e acredita que seus comportamentos são meras “frescuras” ou “velhos hábitos” e que consegue parar com isto quando ele, paciente, quiser.
A mudança no estilo de vida é recomendável, uma vez que o estresse é um possível desencadeador do TOC – a terapia o ajudará durante todo este processo. Outra ajuda fundamental, e, diga-se de passagem, a mais importante, é a quebra do paradigma da ansiedade no Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou seja, àquela ansiedade que ficou condicionada a certos estímulos, como objetos, lugares e pensamentos acabou se generalizando para outros estímulos, que à priori eram neutros.
Uma última consideração a ser feita é sobre a “quebra de regras”, ou seja, situações em que o paciente acredita ser verdade absoluta e não se passa de um pensamento sem fundamento e, em geral, dito por terceiros. Nesses casos, o paciente necessita enfrentar essas situações e reconhecer que não acontece/não era conforme a regra previa. Desta forma, o paciente aprende a dominar seus problemas e as situações que eram consideradas insuperáveis.
Referências:
Andrade MA - TOC: Terapia Cognitiva-Comportamental, in. PsiqWeb Internet, disponível em https://www.psiqweb.med.br/, 2007.
ASTOC (Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo-Compulsivo).
Ballone GJ - Transtorno Obsessivo-Compulsivo - in. PsiqWeb Internet, disponível em https://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007.
Leia mais: https://www.crppsicologia.com/news/transtorno-dismorfico-corporal-e-a-vigorexia-parte-2/
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